quinta-feira, 28 de maio de 2009

Morreu Te...

Morreu Tetê, prima querida, aos 56 anos; deixou duas irmãs desconsoladas... Foi enfermidade fatal e rápida: em dez dias deixara o mundo, ficando a família e os amigos muito espantados.
Cada um avisou a seu parente mais próximo e estes aos outros, como é comum nas cidades do interior – e Cabo Frio apesar do intenso crescimento ainda se mantém assim. Como se mantém também o habito dos velórios, a noite sem dormir velando o morto, bebendo o morto, contando causos divertidos de outros velórios, falando mal dos ausentes (inclusive dos mortos) – bebendo o morto, reparando nas bundas (inclusive as feias) – bebendo o morto, contando piadas e bebendo o morto.
Este ano estava menos divertido... alguns dos mais animados veloristas tinham morrido e meu irmão Luciano não tinha chegado... O enterro marcado para duas da tarde. A cantoria das incelenças puxadas pelas tias e primas velhas.
Luciano não perdia um velório da família. Saíra de Niterói as onze... já era pra ter chegado.
Faltavam quinze minutos para as duas. Eu já preocupado; Toca o telefone: Luciano.
– Porra Beto! Cadê o velório?
– Ué, aqui na capela...
– Mas não tem capela na Igreja de Santa Edwiges! E eu já rodei Pendotiba (Niterói) inteiro!
– Que Pendotiba, Luciano! O enterro é em Cabo Frio!
– Ué! E ela morreu em Cabo Frio?
– Claro! Ela morava aqui!
– Peraí! Quem morreu não foi TETÉ?
– Não Luciano! Quem morreu foi TETÊ!
– Hii cacete! Exclamou do outro lado da linha – e TETÉ?
– Já chegou há mais de uma hora e está lá na capela cantando. Falei e estiquei o telefone em direção ao centro do velório onde se podia ouvir a voz afinadíssima de TETÉ: “... Segura na mão de Deus e vai...!”

Beto 12/03/07.

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